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Puerpério, uma estrada para dois

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No Tarô a carta da "Morte" pode significar,ao mesmo,  tanto a morte física como um renascimento, a passagem para um novo estado, uma nova condição, uma nova realidade de vida. Dizem que quando sonhamos com a morte na verdade estamos prevendo o fim de um ciclo e o início de outro, ou seja, uma transição, uma grande mudança. Esse simbolismo ambíguo sempre me intrigou até o momento em que eu passei, pela primeira vez, pelo Puerpério. Para quem não sabe esse período começa imediatamente após o parto e vai até o sexagésimo dia de nascimento do bebê. A famosa "quarentena" ou como os antigos chamavam, o resguardo, está compreendido nesses sessenta dias. As "lendas" sobre esse período tão especial são muitas: antigamente a mulher não podia lavar a cabeça, devia consumir alimentos reforçados como canjica, canja, lentilha... tudo para se recuperar e poder alimentar, com seu leite, o recém nascido. Aborrecer-se nem pensar, já que a mãe recente podia ficar &qu

Deixem-nos parir em paz e com respeito, por favor!

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Ainda não tinha escrito nada aqui no blog sobre essa minha segunda gestação, que está no fim, mas no fim mesmo, já que estou com 39 semanas. A correria, os cuidados com o Miguel e os preparativos para receber a Ana Clara (sim, é uma menina!!), além do trabalho, no qual permaneci até o finalzinho e só me afastei por recomendação médica, tomaram todo o meu tempo. Por isso, na semana em que a minha filha chega ao mundo resolvi escrever sobre um assunto que me dá dores no estômago, literalmente: a violência obstétrica. Muita gente ainda hoje não sabe o que é isso; muitas mulheres, apesar de terem passado por isso, algumas mais de uma vez, não conseguem identificar que foram vítimas de comportamentos repetitivos, machistas e desumanos. Somente agora, com o tema ganhando espaço na mídia junto com assuntos como estupro e violência doméstica é que relatos tenebrosos vem à tona. Primeiro é importante que fique claro que a violência à qual me refiro e à qual as pessoas que realmente se in

Faça com que seu marido também cuide do seu filho (a). Os dois vão lhe agradecer no futuro.

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Nada estreita mais o vínculo do que o cuidado. Quando um bebê nasce existe a máxima de que  a única pessoa da qual ele precisa é a mãe. Essa máxima é perigosa e pode trazer sérios problemas para a família. Não há como negar que a mãe é a principal protagonista da vida do bebê, pelo menos nos primeiros meses. Se a amamentação no peito é exclusiva, mais do que protagonista ela é imprescindível. Mesmo assim não podemos esquecer que, via de regra, essa fofura que dorme placidamente (ou nem tanto) nos braços de uma mulher exausta e feliz também tem um pai. Que essa mãe também tem necessidades, desejos, vontades, cansaço, sede e fome. Durante séculos aprendemos que cuidar da "prole" é obrigação e vocação do sexo feminino. Trocar fralda? Dar banho? Fazer uma mamadeira? Isso é visto como coisa de mulher. Há alguns anos o pai só entrava na história quando a criança já conseguia brincar, jogar bola ou passear. Papais mais participativos até ajudavam com outros afazeres como

A verdadeira face do amor

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Essa semana estava na sala assistindo a  um filme que no Brasil se chama "Histórias Cruzadas".  Peguei- o na metade, claro, mas já tinha ouvido falar dele e continuei assistindo.  A história se passa em uma cidadezinha do Mississipi, nos Estados Unidos, na década de 60 e retrata a história de uma jovem que volta para sua terra natal e quer ser escritora.  Ela faz parte de uma elite branca, para a qual muitas mulheres negras trabalham. Essas mulheres ajudam ou criam, em tempo integral os filhos de suas patroas, da alta sociedade.  As crianças, claro, possuem laços de amor com essas babás. A protagonista é uma delas. Deixada de lado pela mãe é cuidada e assistida por uma empregada negra que lhe dá atenção, carinho, amor.  A jovem, que se chama  Skeeter resolve então escrever sobre as relações entre patroas e empregadas, o papel dessas mulheres em suas vidas e as maldades às quais muitas vezes elas são subjugadas em uma sociedade elitista e preconceituosa. 

Quando eles soltam a nossa mão

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Uma vez ouvi em uma de minhas séries favoritas de TV, "Grey's Anatomy" uma de minhas personagens, também favoritas, a Dra. Bailey reclamar  emocionada que o filho pela primeira vez havia soltado sua mão para entrar na escola, ao que o outro personagem respondeu: " Você sabe o que acontece quando ele larga a sua mão? Você a recupera e pode fazer  melhor outras coisas importantes, agora que tem as duas novamente". Essa frase nunca saiu da minha cabeça, principalmente depois que eu tive o Miguel.  No dia 4 de agosto ele foi para a escola pela primeira vez, com 2 anos, 4 meses e 22 dias de idade.  No primeiro dia ele entrou com a mochila nova,  o uniforme e alegre, nem olhou pra trás.  Escolhemos um colégio perto de casa, com boas referências dadas por amigas muito próximas. Fomos visitá-lo, junto com o Miguel três vezes antes dele começar a frequentá-lo. Eu não queria uma escola grande e  também não queria nenhuma com vertente religiosa

Mamãe vai trabalhar. E agora?

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Você passa meses cuidando do bebê. Sua rotina  gira em torno das  fraldas, muitas fraldas, leite (do peito ou fórmula), banhos, brincadeiras, muita louça e roupinhas pra lavar, chupetas para esterilizar, músicas da Galinha Pintadinha e da Palavra Cantada (se você tiver sorte), choros, manhas, risadas encantadoras, sonecas fora de hora (se você também tiver sorte). Mas, chega aquele momento em que você tem que voltar ao trabalho. Sua cabeça e seu coração se dividem entre a alegria em regressar ao mundo adulto do qual sempre fez parte até antes do bebê nascer, a tristeza e o medo em deixar o seu filho (a) sem os seus cuidados, por mais que existam avós amorosas para ajudar ou uma boa escolinha para ficar com o bebê enquanto você vai para a labuta. E nesse momento, que pode acontecer quatro ou seis meses depois do nascimento da criança surge a dúvida (sua e também colocada por parte da família): voltar ao trabalho ou largar tudo e ser mãe em tempo integral? Em primeiro lugar é prec

Lições que o Miguel me ensinou

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Este aí embaixo na foto  é o Miguel o motivo deste blog ter sido criado.  Resolvi escrever um blog dedicado apenas às minhas experiências depois de ser mãe porque esse menininho mudou minha vida, assim como acredito que a grande maioria dos filhos muda a vida de suas mães.  Com ele aprendi muitas coisas, muitas mais do que ele aprendeu comigo tenho certeza e este post é para registrar apenas algumas delas.  Coisas que o Miguel me ensinou ainda na barriga:  Que é possível sentir a personalidade do seu bebê mesmo quando ele ainda é do tamanho de um grão de feijão. Para quem, assim como eu acredita na espiritualidade, eu diria que dá para sentir a essência daquela alma.  Que nem todo bebê causa muito enjoo, alguns causam muita azia.  Que todo bebê (isso eu perguntei para outras mães) adora chutar uma costela.  Que  grávida não tem dignidade. É um aperta daqui, mexe dali, banheiro toda hora, cansaço inigualável... Que eu tenho limites e que esses limites precisam ser